sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

MEMÓRIA

Hoje recebi por mail esta foto minha tirada em Sortelha. Eu com o meu filhote ao colo. Creio q esta foto terá 33 anos...
Em baixo estão dois dos filhotes do casal amigo com quem passamos uns dias maravilhosos.

É fabulosa a internet...

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

domingo, 10 de fevereiro de 2013

DE RAUL BRANDÃO:

"... O que há a fazer ao sonho é escondê-lo e recalcá-lo para que nos deixem viver ignorados.
Para que não o escarneçam. Para que os outros - os que não sonham - o não despedacem com uma alegria feroz.
Sonhar é um crime. Há uma altura da vida em que é forçoso escolher - ou o sonho ou a vida prática. 
O grande golpe então é matar o sonho e adquirir o hábito das pequenas coisas.
Há quem o estorcegue de repente a uma esquina; há quem leve mais tempo a liquidá-lo, misturando a vida prática com a vida quimérica, tentativa de que só resulta o mais negro despeito.
Creio que todos nascem com um quinhão de sonho, e que, mesmo nos que conseguem aniquilá-lo, há horas em que fixam o olhar num ponto dourado; em que voltam a cabeça com saudade.
... Mas é tarde; a labareda está reduzida a cinzas...
Talvez por isso mesmo odeiem secretamente os outros, os que sonham sempre, os que sonham até à velhice com um ar extravagante de lunáticos, não dando a mínima importância às coisas da vida consideradas importantes.
Pobres e ridículos sonham, e é esse o seu quinhão, melhor ou pior.
Os homens práticos pouco a pouco caem no sorvedouro que os traga e leva como sombras inúteis, enquanto que a caravana dos desgraçados lá segue o seu rumo à parte, de olhar estático, desprezada e secretamente invejada, sob os gritos de maldição..."

in A morte do palhaço de RAUL BRANDÃO




quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

TO A GREEN GOD




Green God - Eugénio de Andrade
Trazia consigo a graça
das fontes quando anoitece.
Era um corpo como um rio
em sereno desafio
com as margens quando desce.
Andava como quem passa
sem ter tempo de parar.
Ervas nasciam dos passos,
cresciam troncos dos braços
quando os erguia no ar.
Sorria como quem dança.
E desfolhava ao dançar
o corpo, que lhe tremia
num ritmo que ele sabia
que os deuses devem usar.
E seguia o seu caminho,
porque era um deus que passava.
Alheio a tudo o que via,
enleado na melodia
duma flauta que tocava. 
.

in "Poesia"
de Eugénio de Andrade